30 junho 2012

Euro 2012 - Destaques de Portugal


O sucesso de uma seleção começa pelo treinador. E Paulo Bento merece uma medalha de mérito, só pela coragem de pegar numa seleção à deriva, sem comando algum. Tudo por causa de birras e quezílias envolvendo Carlos Queiróz, FPF, Autoridade Antidopagem, o Secretário de Estado Laurentino Dias e mais o raio que o parta. Quase que foi tudo por água abaixo na caminhada para este Europeu. Quando Paulo Bento tomou conta da equipa já muitos pontos tinham sido perdidos. Mesmo assim conseguiu a qualificação.  

Além da qualificação, o Paulo Bento transformou esta seleção numa equipa competitiva e colocou-a entre as quatro melhores da Europa. Portanto, é um feito extraordinário. Podemos discordar desta ou daquela opção, mas tudo isso perde relevância diante do enorme trabalho que realizou. Outro grande protagonista foi, sem dúvida, João Moutinho. É um guerreiro autêntico, um trabalhador incansável e o sucesso desta seleção deveu-se muito ao seu labor a meio campo. Ele merece jogar num grande clube de Espanha, Inglaterra ou Itália. 

Tivemos menos Nani do que eu esperava. Acho-o um jogador fantástico, mas falta-lhe alguma coisa que não sei bem o que é. Não jogou mal, mas foi pouco para o seu talento. O Fábio Coentrão também esteve em bom nível, mas ainda não me satisfez, sobretudo pelo que nós, benfiquistas, conhecemos dele e das suas correrias loucas pelo flanco esquerdo. Do Cristiano Ronaldo já dissemos tudo. Demorou um pouco a aquecer os motores, mas depois foi o que se viu. Finalmente, o Pepe. O que dizer dele? É só o melhor defesa deste Europeu.

Valeu, Portugal!


E assim, acabou o sonho. Mas Portugal esteve realmente soberbo. Só faltou aquela jogada perfeita para metermos a Espanha no caminho de casa. E essa jogada esteve quase a acontecer num contra ataque rápido, a 1 minuto do fim, com o Meireles a isolar o Cristiano Ronaldo e este a rematar mal. Meu Deus! A 1 minuto do fim! Que falta de sorte! Curiosamente, na outra meia final, o Balotelli, numa jogada bem parecida, acertou o mesmo remate que o Cristiano não conseguiu e fez um grande golo, acabando ali com os alemães. Enfim, são coisas do destino.  

Mas não sou daqueles que choram a pouca sorte de Portugal. Durante os 90 minutos sim, talvez pudessemos e até merecessemos uma pontinha de sorte. Mas, inexplicavelmente, no prolongamento, senti que Portugal confiou muito nos deuses e apostou tudo nos penalties, acreditando que uma ajuda divina resolvesse as coisas a nosso favor. Basta ver a lentidão do Meireles a sair do campo quando foi substituído. Ainda faltava jogar 9 minutos! Isso deixou-me realmente irritado. O mesmo em relação ao Rui Patrício. Que lentidão para repor as bolas em jogo!   

Engraçado porque na véspera do jogo, eu até achava que, para vencermos a Espanha, precisaríamos da inspiração do Rui Patrício. Mas em nenhum momento pensei nos penalties. E quando o vi a retardar tanto as reposições de bola, pensei comigo: Será possível? Será que ele confia tanto nas suas capacidades de apanhador de penalties e está a levar-nos para esse caminho? Infelizmente, foi um caminho muito mau, que nos encheu de tristeza. Porque é muito triste perder uma meia final. Mais uma! Ainda por cima quando se joga bem. Mas valeu, Portugal!

26 junho 2012

Pode acontecer!


E não é que Portugal engrenou? Ter chegado às meis finais já é um grande feito, sem dúvida alguma. Os jogadores podem todos regressar já e de cabeça levantada, porque foram maravilhosos. Mas claro, estando lá, por que não pensar no céu como limite? Sabemos que a Espanha não será fácil, mas nada está decidido. Eles sofreram a bom sofrer contra a Itália e também a Croácia lhes criou grandes problemas, que só não foram piores graças a Casillas e suas defesas milagrosas. Portanto, temos Portugal, temos Cristiano Ronaldo... tudo pode acontecer!

Assim como Portugal despachou a República Checa com autoridade, também a Espanha não deu qualquer hipótese à França. Mas este futebol da Espanha às vezes irrita. Essa coisa de querer entrar com a bola e tudo dentro da baliza adversária, tal como faz o Barcelona, um dia pode acabar mal. Era para terem resolvido a questão rapidamente, mas preferiram cozinhar o jogo com mil passes para o lado, até ao minuto 90, com a França ainda a poder empatar e sabe-se lá o que mais. Bom seria juntar o estilo da Espanha com a eficácia alemã.

Mas deixa a Espanha assim como está. Se Portugal encaixar uma boa jogada e marcar um golo primeiro, aí a coisa pode ficar interessante. E o Nani hem! Era um bom jogo para ele, que até tem jogado bem, mas ainda falta vê-lo infernizar os adversários nas laterais ou a fazer aqueles remates de longe, com o pé direito ou o esquerdo, tanto faz. Tendo Nani e com o Cristiano Ronaldo assim estratosférico, pode realmente acontecer alguma coisa e a Espanha voltar para casa mais cedo. Mas desconfio que vamos precisar, e muito, da inspiração do Rui Patrício. 

20 junho 2012

Euro 2012 - Seleção da 1ª fase


Terminada a 1ª fase deste Europeu, foram muitos os jogadores que se destacaram. Alguns estiveram muito mal. Outros, nem tanto. Aqui fica a minha seleção: Casillas (Espanha; Real Madrid); Selassie (Rep. Checa; Slovan Liberec), Pepe (Portugal; Real Madrid), De Rossi (Itália; Roma), Philipp Lahm  (Alemanha; Bayern München); Pirlo (Itália; Juventus), Blaszczykowski (Polónia; Borussia Dortmund), David Silva (Espanha; Manchester City), Iniesta (Espanha; Barcelona); Cristiano Ronaldo (Portugal; Real Madrid), Mario Gómez (Alemanha; Bayern München).

E o melhor jogador da 1ª fase? Para falar a verdade, não houve um grande destaque individual. O Cristiano Ronaldo jogou muito bem contra a Holanda, mas nos outros jogos foi apenas sofrível. Quem manteve a regularidade em todos os jogos que eu vi foram sobretudo Pepe, Iniesta e Mario Gómez. Fiquei muito Impressionado com o Blaszczykowski, pelo seu espírito guerreiro. É sempre bom ter um jogador destes na equipa. Já a grande revelação foi o lateral direito Selassie, o único que joga ainda numa equipa pequena da Europa, mas não por muito tempo, certamente.

Até à final, esta seleção vai mudar muito. Alguns jogadores ainda estão a aquecer os motores, como Xavi, Özil ou Benzema, por exemplo. Gostaria de colocar o Coentrão nesta seleção. Ele até tem jogado bem, muito melhor que no Real Madrid, mas ainda está longe do que fazia no Benfica. O Nani também poderá entrar no onze do Euro. Seria muito bom sinal. Vamos a ver! Dos jogadores que já voltaram para casa, destaco dois pontas de lança: Mandzukic (Croácia) e Lewandowski (Polónia). Este último já está entre os melhores da Europa. E só tem 22 anos! 

18 junho 2012

Agora sim!


Sim, já era tempo! Se o Cristiano Ronaldo não aparecesse neste último jogo da primeira fase do Europeu, quando seria? As grandes estrelas não podem passar despercebidas nos grandes momentos. E ontem foi o dia de CR7, ao melhor nível do que lhe vimos fazer no Real Madrid. Ele até poderia ter saído do jogo com um hat-trick. Aí seria mesmo a consagração. Mas tem jogo ainda! Pode muito bem repetir a dose contra a República Checa. E por que não aparecerem, logo de uma assentada, os nossos dois maiores astros  Cristiano Ronaldo e Nani?

Custa-me muito estar aqui a falar de jogadores da seleção e não haver nenhum benfiquista a destacar-se neste Europeu. Estão lá dois, sendo que o Eduardo não é nosso, pois veio emprestado do Génova. Resta o Nélson Oliveira. Ah! Tínhamos o Wass, da Dinamarca, que não jogou qualquer minuto. Este é nosso, mas é como se não fosse. Ele mesmo diz-se abandonado pelo Benfica. Já o Nélson, sempre que substitui o Postiga, fico logo impaciente, à espera de uma grande jogada, que até agora não saiu. Ele precisa, pelo menos, marcar um golo.

Mas voltando ao jogo de ontem, foi muito bom aquele golaço madrugador do van der Vaart. Parecia que Portugal já estava a entrar naquele ritmo perigoso de ficar na expectativa, sabendo que a Holanda tinha de sair à procura da vitória. Assim, esse golo serviu para acordar os jogadores e, a partir daí, passaram a jogar melhor. Todos eles estiveram impecáveis. A estrela foi Cristiano Ronaldo, mas não posso deixar de destacar o Pepe. Custa-me fazê-lo, porque ele foi do Porto. Só que o homem joga muito! É o melhor defesa central deste Europeu.

17 junho 2012

Contas e protagonistas


Primeira vitória de Portugal. Foram 3-2 à Dinamarca! Mesmo assim, teremos de fazer muitas contas para o jogo de amanhã contra a Holanda. Podemos ganhar e ser eliminados, mas também podemos passar aos quartos de final com nova derrota. Enfim, vamos ter de sofrer. Aliás, sofrer é o que fazemos melhor. Com 2-0, não fomos capazes de matar o jogo e os dinamarqueses acabaram por empatar. Foram tantos golos perdidos! Oh Cristiano Ronaldo! Deixaste a exibição estelar para o último jogo, não é? Então está bem. Ficamos à espera.

O Cristiano Ronaldo tinha aqui neste Europeu a sua grande oportunidade de brilhar e assim poder discutir a Bola de Ouro com o Messi. Mas vai ser difícil. O que está a acontecer é um desgaste muito grande da sua imagem e as pessoas já começam a esquecer a época extraordinária que ele fez pelo Real Madrid, o que é injusto. Mas coitado, é gritante a diferença dos que alimentam o seu jogo no Real Madrid e os que o fazem na seleção. É como sair de um Ferrari para entrar num Carocha. Lá ele tinha Xabi Alonso, Özil, Di Maria ou Benzema. Já aqui...

O futebol é assim. Às vezes, espera-se muito de uns, mas acabam por ser outros a sobressair. Eu contava com a explosão do Nélson Oliveira neste Europeu. Não se pode dizer que ele tenha estado mal, mas podia aproveitar melhor os minutos que o Paulo Bento está a dar-lhe. Sei que não é fácil, mas esta pode ser a sua grande oportunidade para ganhar protagonismo e marcar território no Benfica. Entretanto, Varela, que era alternativa ao suplente Quaresma, deram-lhe 17 minutos para mostrar serviço e ele aproveitou-os muito bem. 

13 junho 2012

Espanha à boleia do Barça


Espanha-Itália (1-1) foi, até ao momento, o melhor jogo do Euro. Muitos esperavam uma Itália sem ambição e deprimida com tantos escândalos. Mas o que vimos foi a Itália dos velhos tempos, com futebol para chegar à final e vencer. Da Espanha, não tínhamos nenhuma dúvida. É a atual campeã da Europa e do Mundo, parte como a principal favorita e sabíamos que traria aquele toque de bola, ao melhor estilo Barcelona. Mas o que, talvez, ninguém imaginasse, até mesmo os próprios espanhóis, era vê-los em campo sem um ponta-de-lança.

Esta opção do treinador virou tema de conversa em toda a Espanha. Até José Mourinho criticou a falta de um “9” no ataque espanhol. Mas de Mourinho não se esperava outra coisa. Senão estaria a fazer uma vénia ao futebol tiki-taka do seu grande rival, o Barcelona. Ora bem! O Guardiola implementou essa forma de jogar e teve resultados incontestáveis. Portanto, não vejo nada de mal na pretensão do Vicente Del Bosque em apanhar essa boleia. Podia ter jogado com o Fernando Torres ou o Llorente, mas preferiu o 4-6-0 do Guardiola.

Afinal de contas, a Espanha tem Busquets, Xavi, Iniesta e Fábregas. Técnico algum pensaria em separar essas quatro peças vindas do Barça. Dispondo todas elas no tabuleiro, ainda sobram duas vagas. Como deixar Xabi Alonso e David Silva de fora? Mas a verdade é que a engrenagem não funcionou lá muito bem. A Espanha teve mais posse de bola e pudemos ver aqueles toques todos perto da área adversária, em busca de uma clareira para alguém entrar na baliza com bola e tudo. Mas faltou um detalhe que faz toda a diferença. Não havia Messi.

10 junho 2012

O filme de sempre


Já sabíamos que os níveis de confiança de Portugal à entrada para este Euro 2012 estavam um pouco abalados. Aquela derrota ridícula no jogo de preparação contra a Turquia deu para desconfiar. Além disso, a estreia era logo contra a melhor Alemanha dos últimos anos. Mas quando Portugal entra em campo, tudo é possível. Eu seria capaz de apostar numa vitória contra os alemães e, de seguida, uma derrota contra os dinamarqueses. Mas começamos a perder. Assim, acho que voltamos ao nosso normal, que é estar obrigados a vencer o próximo jogo. 

A derrota de ontem com a Alemanha (0-1) foi muito triste. Ficamos com a mesma sensação de outras grandes jornadas internacionais: Afinal, podíamos ter vencido. Pois podíamos! O treinador alemão é que resumiu tudo em poucas palavras. Segundo ele, não dava para arriscar muito contra um adversário que tem dois extremos como CR7 e Nani. E foi o que aconteceu. Eles sabiam que, num golpe de génio, um destes jogadores podia resolver o jogo. Portanto, a equação é simples: Se a Alemanha respeita Portugal, Portugal respeita a Alemanha mais ainda. 

E o jogo não passou disso  respeito! No final, a sorte coube ao mais forte. O que irrita é ter de ver este filme novamente. Fomos suportando bem a tímida investida dos tanques alemães e, a dada altura, estávamos satisfeitos com a possibilidade do empate. De repente, veio o balde de água fria, naquela cabeçada do maior tanque deles  o Mario Gomez. E quem disse que já estávamos derrotados? Finalmente, Portugal resolveu partir para o ataque e podia ter marcado mais de um golo até. Mas o fim deste filme não muda nunca. A reação vem sempre tarde. 

Heroísmo grego


Estando o Benfica de férias, nada como o Europeu da Polónia/Ucrânia para saciar a nossa gula por futebol. E até estivemos bem representados no jogo inaugural entre a Polónia e a Grécia. É verdade que Fernando Santos, Katsouranis e Karagounis já não fazem parte do ninho das Águias, mas acredito que todos os benfiquistas estavam a torcer por eles e, consequentemente, pela Grécia. O jogo foi bom, cheio de emoção. Ao intervalo, a Polónia vencia por 1-0 e tudo levava a crer que os gregos seriam facilmente derrotados.

Puro engano! É que a 1ª parte foi um autêntico massacre da Polónia, embora só tenha havido um golo, do inevitável Lewandowski. Tive muita pena dos gregos, ao vê-los tão perdidos em campo. Até parecia que a crise grega tinha bloqueado o ânimo dos jogadores. Mas o futebol, já sabemos, tem 90 minutos. E os gregos mostraram que não há crise nenhuma. Um povo com a história deles, não se verga assim tão facilmente. E foi essa a história do jogo: o heroísmo dos gregos, que resistiram à avalanche ofensiva da Polónia e também à expulsão injusta de um defesa. 

Não sei o que Fernando Santos fez para levantar a moral dos jogadores. O certo é que, na 2ª parte, a Grécia voltou transfigurada. Mas é engraçado. Se os gregos pareciam autênticos guerreiros, crentes que poderiam vencer aquela batalha, no banco de suplentes era o contraste. Com menos um jogador, a Grécia empatou o jogo e ainda falhou um penalty, que lhe daria a vitória, mas sempre que a tv mostrava o Fernando Santos, lá estava ele, num desânimo que só visto! Enfim, ele agitou brilhantemente os seus jogadores, mas faltou alguém para agitá-lo a ele.  

06 junho 2012

O adeus oficial de Mantorras


Quando o Pedro Mantorras apareceu no Glorioso, com apenas 19 anos, fez a todos nós, benfiquistas, sonhar com muitos domingos de alegria. O seu primeiro ano foi mesmo de sonho. E para mim, ele era melhor que o Cristiano Ronaldo, se compararmos o início profissional dos dois. Mas não vale a pena entrarmos nessa discussão. Eu só sei que, hoje, o Mantorras poderia ter uma boa coleção de bolas e botas de ouro. O seu destino só podia ser um  conquistar o mundo! Mas, inexplicavelmente, o destino resolveu atraiçoar-nos a todos.

A partir de agora, ele será embaixador do Benfica. Fará um trabalho social de grande relevo, angariando fundos para ajudar crianças desfavorecidas no continente africano. Não tenho dúvidas que é a pessoa certa para fazer esse trabalho. A sua alegria fora de campo é também contagiante e não difere muito do que lhe víamos fazer lá dentro das quatro linhas, com aquelas jogadas maravilhosas. Mesmo assim, não me conformo com este final. Também não importa se ele ficaria pouco tempo no Benfica. Eu queria era vê-lo jogar mais vezes.

Queria vê-lo nas finais da Liga dos Campeões, seja por que clube fosse, Barcelona, Real Madrid, Milan, tanto faz; queria vê-lo a carregar a seleção angolana às costas nas Copas de África e do Mundo; queria vê-lo a arrancar imparável em direção à baliza com a bola controlada, como um furacão, deixando atrás de si um estrago incalculável; queria vê-lo a fazer aqueles remates de longe, sem preparação, à Eusébio; queria vê-lo levantar estádios com os seus golos monumentais... Oh destino cruel! Por quê tirar-nos o prazer de ver tudo isso?